VITRINE FITOPATOLÓGICA DO MILHO
Angela Neinha Campos e Marcelo José Marchesini
A cultura do milho está
implantada em cinco parcelas com de 25 m². O hibrido utilizado foi o VT PRO 2
resistente ao glifosato e possui 2 proteínas Bt que controlam a lagarta do
cartucho (Spodoptera
frugiperda), da
espiga (Helicoverpa zea) e broca do colmo (Diatraea spp.),
com semeadura no dia 20 de abril de 2016 de forma manual.
O
tratamento de semente foi realizado com produto Standak Top (piraclostrobina,
fipronil e metil tiofanato) com uma concentração de 200 ml p.c/100 kg de
sementes, tendo como função proteger a cultura no seu período inicial de
doenças Olho-azul (Penicillium oxalicum),
podridão-das-raízes (Fusarium spp.),
estiolamento (Pythium spp) e Podridão-dos-grãos-armazenados
(Aspergillus flavus), além de
proteger contra lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus), cupim e coró da soja (Phyllophaga cuyabana).
A adubação realizada para
a semeadura foi a recomendada para manutenção, de 75g por parcela do formulado
10-30-20, sendo que a quantidade de nitrogênio foi dividida na semeadura e
cobertura, com um estande de 3 plantas por metro, com um espaçamento entre
linhas de 45cm.
As aplicações de
inseticida foram realizadas para vaquinha (Diabrotica speciosa) no dia 17 de maio, com engeo pleno
(Neocotinóide e Piretróide), no dia 28 de maio, aplicação de engeo pleno para
vaquinha e nomolt (Benzoiluréias) para
lagarta do cartucho, e dia 08 de julho aplicação de Engeo pleno. No dia 06 de
julho foi realizado aplicação de Opera (Piraclostrobina e Epoxiconazol) nas
parcelas que visam o fungicida preventivo, neste caso será preventivo a mancha
branca e ferrugem. O controle de plantas
daninhas foi realizado com capina manual.
Cultura em Desenvolvimento
Fonte: Campos e Marchesini, IFTM-Campus Parecis, 2016
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CERCOSPORIOSE (Cercospora zea-maydis e C. sorghi f. sp. Maydis)
Inicialmente encontrada
em 2000 em algumas cidades do sudoeste de Goiás, hoje encontra-se no centro Sul
do Brasil podendo causar perdas maiores do que 80% (CASELA,
FERREIRA e PINTO, 2006).
ETIOLOGIA: É uma doença foliar causada pelos
fungos Cercospora zea-maydis e C.
sorghi f. sp. Maydis
SINTOMAS: As
lesões são de coloração marrom, porém em condição de alta umidade relativa do
ar há uma densa esporulação, dando as lesões a cor acinzentada. Estas lesões
acompanham as nervuras, sendo tipicamente retangular e podem chegar a 6cm de
comprimento. Seu desenvolvimento se dá em duas ou três semanas, o que é
considerado lento quando comparado as outras doenças foliares. Se áreas
próximas forem infectadas estas lesões podem coalescer, causando impressão de
ser apenas uma. As lesões jovens possuem um halo amarelado (CASELA e FERREIRA,
2004).
DISSEMINAÇÃO/SOBREVIVÊNCIA: Sobrevive em resto de cultura. Sua disseminação
se dá por meio de esporos e resto de cultura levados pelo vento e respingos de
chuva, e atinge primeiro as folhas do baixeiro (CASELA e FERREIRA, 2004).
CONTROLE:
Realizar a rotação de culturas com soja, algodão, girassol, etc., evitar deixar
resto de cultura do milho para reduzir o potencial de inoculo, adubação
equilibrada e o mais eficiente que é o uso de cultivares resistentes (CASELA e
FERREIRA, 2004). O controle químico (benzimidazoles, triazoles e
estrubirulinas) pode ser utilizado, porém devido ao seu alto custo é inviável,
apenas se justifica na produção de sementes e milhos especiais (KIMATI et
al., 2015)
MANCHA
DIPLODIA (Stenocarpella macrospora)
Esta doença tem aumentado significativamente
nos últimos anos no Brasil, especialmente em áreas elevadas e com alta umidade (KIMATI et
al., 2015).
ETIOLOGIA: Causada pelo fungo Stenocarpella
macrospora, pode causar podridões em espigas e colmo
SINTOMAS: Apresenta-se em lesões necróticas com formato
de elípticas a estrias compridas, com clorose nas margens, tem de 1,5 a 25cm de
comprimento (KIMATI et al., 2015). No centro observa-se o ponto inicial de infecção
visível contra a luz, o que a diferencia de Helmintosporiose (CASELA,
FERREIRA e PINTO, 2006).
Sintomas de Mancha Diplodia Fonte: Campos e Marchesini, IFTM-Campus Parecis, 2016 |
DISSEMINAÇÃO/SOBREVIVÊNCIA:
Sobrevive em resto
de cultura e sua disseminação é através do vento e respingos de chuva (CASELA,
FERREIRA e PINTO, 2006).
CONTROLE: Deve ser realizado através de cultivares
resistentes, época de plantio que desfavoreça o desenvolvimento da doença,
rotação de culturas e controle químico para matérias de alto valor econômico (KIMATI et
al., 2015).
MANCHA BRANCA (Pantoea ananatis )
Tem
ampla distribuição no Brasil e pode causar perdas de até 60%. Em ataques
severos pode levar a seca prematura da planta.
ETIOLOGIA: É uma doença causada pela bactéria
Pantoea ananatis confundida com
fungos, mas estudos realizados na EMBRAPA por Gonçalves et al. (2013) utilizando
o postulado de Koch, indicam que o fungo aparece no final da doença.
Sintomas: Inicialmente a doença
caracteriza-se por manchas brancas escuras, com aspecto encharcado, do tipo
anasarca, posteriormente tornam-se necróticas de coloração palha ou
esbranquiçadas com margens de cor marrom e se espalham pela folha. Encontram-se
preferencialmente em formatos circulares de 0,3 a 2cm, podendo coalescer e
tornar-se irregular. No final do ciclo da doença é possível observar estruturas
reprodutivas de fungos (GONÇALVES et al., 2013).
Sintomas de Mancha Branca
Fonte: Campos e Marchesini, IFTM-Campus Parecis, 2016
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CONTROLE: Recomenda-se o plantio de
cultivares resistentes, rotação de culturas e controle químico (estrobirulina e
ditiocarbamato) (KIMATI et al., 2015).
MANCHA FOLIAR DE EXSEROHILUM ou HELMINTOSPORIOSE (Exserohilum turcicum)
Pode causar danos econômicos significativos de até
50% em condições de alta umidade e temperatura entre 18° a 27°C e a cultivar
não for resistente (GRIGOLLI, 2013).
ETIOLOGIA: Causada pelo fungo Exserohilum turcicum, amplamente
disseminado nas áreas de cultivo de milho
SINTOMAS: As lesões são alongadas, elípticas, de
coloração cinza ou marrom, e comprimento de 2,5 a 15 cm. As lesões aparecem
primeiramente nas folhas inferiores da planta. (CASELA, FERREIRA e PINTO, 2006)
Sintomas de Helmintosporiose
Fonte: Campos e Marchesini, IFTM-Campus Parecis, 2016
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DISSEMINAÇÃO/SOBREVIVÊNCIA: Sobrevive em resto de cultura, hospedeiro
alternativo (sorgo, capim sudão, sorgo de halepo e teosinto), pode haver
produção de estruturas de resistência (clamidiosporos) e ocorre disseminação através do vento a
longas distancias (CASELA, FERREIRA e PINTO, 2006).
CONTROLE: Recomenda-se realizar através do plantio de
cultivares resistentes e rotação de culturas (CASELA, FERREIRA e PINTO,
2006).
CASELA, C.R.; FERREIRA, A.S. A cercosporiose na cultura do milho. Sete Lagoas: EMBRAPA, 2004.
5p. (EMBRAPA, Circular Técnica, 24).
CASELA, C.R.; FERREIRA, A.S.; PINTO, N.F.J.A. Doenças na cultura do milho. Sete
Lagoas: EMBRAPA, 2006. 14p. (EMBRAPA, Circular Técnica, 83).
CIB - CONSELHO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA. Guia do milho, julho 2006. Disponível
em: http://www.cib.org.br/pdf/guia_do_milho_CIB.pdf. Acesso em: 26/05/2016.
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Acesso em: 25/05/2016.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistemas de Produção: Cultivo do Milho
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GRIGOLLI, J.F.J. Doenças do
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GONÇALVES, R.M.; FIGUEIREDO, J.E.F.; PEDRO, E.S.; MEIRELLES,
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Fungo ou Bactéria?. Sete Lagoas:
EMBRAPA, 2013. 38p. (EMBRAPA, Boletim De Pesquisa e Desenvolvimento, 79)
KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIM FILHO, A.;
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A angela fez tudo sozinha, parabéns angela!
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