VITRINE FITOPATOLÓGICA DO FEIJÃO
Gustavo Henrique e Fernando Rogerio Hanus
O experimento foi instalado no
IFMT- Campus Campo Novo do Parecis, no dia 28/04/2016. O plantio foi realizado
manualmente em um espaçamento entre linhas de 0,45 m e uma população
de 315.000 sementes há-1. A adubação de base foi realizada a lanço com o adubo
formulado NPK (8-25-25) aplicando 350 kg há-1, e de cobertura
com 150 kg há-1 de ureia realizada 30 dias após a
emergência (DAE).
Para o tratamento de sementes
foi utilizado Standak Top, produto a base de fipronil do grupo pirazol para
controle de insetos, e os fungicidas Piraclostrobina do grupo das
estrubirulinas e Metil-Tiofanato do grupo dos benzimidazois. Para as aplicações
preventiva e curativa foi usado um fungicida de ação sistêmica Priori Ultra,
dos grupos químicos estrobilurina (Pyraclostrobin) e triazol (Metconazole).
A aplicação do fungicida
preventivo ocorreu 48 DAE, e a aplicação curativa com 63 DAE. As doenças
visadas nos controles foram Antracnose (Colletotrichum lindemunthianum),
que ocorreu com 55 DAE, e mancha angular (Phaeoisariopsis griseola), mas
esta só ocorreu com pouca severidade após os 70 DAE.
Outros manejos também foram
adotados, como, o controle de pragas, realizados semanais para evitar danos,
principalmente contra mosca branca (Bemisia argentifolii) e vaquinha (Diabrotica
speciosa) e também o controle de ervas daninha, este realizado manualmente
sempre que necessário.
As primeiras doenças
encontradas na cultura do feijoeiro foram: a mela (Thanatephorus
cucumeris), o crestamento bacteriano (Xanthomonas axonopodis pv.
phaseoli), mosaico dourado (Bean golden mosaic vírus), mosaico
comum (bean common mosaic vírus), posteriormente foi encontrado a
antracnose (Colletotrichum lindemunthianum).
DOENÇAS
DA CULTURA DO FEIJOEIRO
MELA - Thanatephorus cucumeris.
A mela também conhecida como Murcha-da-teia-micélica,
foi relatada no Brasil pela primeira vez em Minas Gerais, podendo ser uma
doença de expressividade considerável, onde pode se manifestar de forma
irreversível na planta.
ETIOLOGIA: A nela é uma doença fúngica causada por Thanatephorus cucumeris (fase anamórfica Rhizoctonia solani).
SINTOMAS: Os sintomas iniciais da Mela são o surgimento de
manchas de aspecto aquoso e de coloração parda nas folhas. Com o
desenvolvimento da doença, ocorre necrose foliar e o surgimento do micélio do
fungo, que possui coloração castanha claro nas duas fases da folha, formando
assim um aspecto de teia de aranha.
Figura 1: Sintoma de Mela
FONTE: HANUS, Fernando; HENRIQUE, Gustavo, IFMT - Campus Parecis, 2016.
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EPIDEMIOLOGIA: O fungo pode estar presente no solo por vários anos na forma de
escleródios, ou também pode sobreviver em resto de cultura na forma de micélio
vegetativo. A produção do escleródio ocorre com maior abundancia quando um
período seco ocorre logo após um período de alta umidade, sendo disseminado
facilmente por meio de vento, chuva, implementos agrícolas e animais.
CONTROLE: O controle tem uma serie de medidas onde as
principais se destacam a utilização de sementes sadias e de boa procedência,
determinação da época de plantio, determinação do espaçamento, manutenção da
cobertura morta no solo com folha de milho e cana de açúcar, rotação de cultura
com plantas não hospedeiras como fumo e gramíneas.
ANTRACNOSE - Colletotrichum lindemunthianum.
A antracnose é uma doença com
ampla distribuição no Brasil, e uma severidade que pode provoca a perca total
da lavoura.
ETIOLOGIA: É uma doença causada pelo fungo Colletotrichum
lindemunthianum
SINTOMAS: Os sintomas são caracterizados por apresentar na
sua fase inferior, lesões necróticas de cor marrom nas nervuras. Em ataques
severos é possível visualizar as lesões das nervuras da face superior. No caule
e nos pecíolos, as lesões são alongadas escuras e podem exibir depressões.
Em plantas que originaram de sementes contaminadas ao emergirem apresentam
plântulas com o cotilédone contendo lesões marrons que variam de claro a
escuro, podendo ser até negras.
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EPIDEMIOLOGIA: As temperaturas entre15 e 22 oC são consideradas
ideais para a doença, sendo que essa deve permanecer por 6 h para o patógeno
desenvolver-se mais intensamente. A sobrevivência do patógeno pode ser em
sementes e em restos de cultura. Sua disseminação ocorre por sementes, pelo
vento e por respingos de água da chuva.
CONTROLE: O controle mais indicado para a antracnose é o uso de sementes
sadias com um bom tratamento de sementes, variedades resistentes, e também o
controle químico.
CRESTAMENTO
BACTERIANO - Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli.
É considerada a bacteriose
mais comum e mais importante do feijoeiro. A sua ocorrência é principalmente em
regiões mais quentes e durante o plantio nas aguas, podendo causar problema
também em cultivo irrigado.
ETIOLOGIA: Causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv.
phaseoli ria Xanthomonas axonopodis pv.
Phaseoli.
SINTOMAS: Os sintomas podem ser encontrados em caules, folhas vagens e
sementes. Nas folhas, inicialmente aparecem lesões com pequenas manchas de
aspecto encharcado e translúcido, evoluindo para manchas de coloração pardas
com bordas amarelados, tornando o tecido quebradiço. Nos caules e vagens as
lesões podem ser deprimidas e encharcadas, com coloração vermelha, as sementes
atacadas ficam enrugadas e com escurecimento na região do hilo.
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EPIDEMIOLOGIA: O desenvolvimento da doença é favorecido preferencialmente em alta
umidade e altas temperaturas. A infecção ocorre por abertura natural ou
ferimentos e sua disseminação a longa distância por sementes contaminadas.
Dentro de uma mesma área a disseminação e principalmente pela chuva e seu
patógeno pode sobreviver em resto de cultura por até dois anos.
CONTROLE: Não existe produto químico com eficiência comprovada, seu melhor
controle é preventivo usando sementes sadias e não fazendo o cultivo em áreas
que já teve a incidência da doença.
MOSAICO DOURADO - Bean golden mosaic vírus.
O mosaico dourado é uma doença
de grande impotancia para a cultura do feijoeiro. No Brasil todas as regiões
produtoras estão tendo sérios prejuízos causados por essa enfermidade.
ETIOLOGIA: O mosaico dourado é causado pelo vírus Bean golden mosaic vírus.
SINTOMAS: Os sintomas vão depende do estádio em que a
planta for infectada, quando em plantas jovens o primeiro trifólio apresenta
encarquilhamento com clorose nas nervuras. Com o desenvolvimento da doença as
folhas a clorose das nervuras passam a manchas amarelas brilhantes, formando um
mosaico. Plantas infectadas com o vírus apresentam nanismo, baixas
produtividade e semente menores que as plantas sadias.
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EPIDEMIOLOGIA: O vírus pode sobreviver em várias leguminosas,
como solanáceas e malváceas, sua disseminação ocorre com grande facilidade pela
mosca branca (Bemisia tabaci), onde a alta incidência do vetor nos
primeiros 15 dias de desenvolvimento da cultura causando prejuízos à
produtividade.
CONTROLE: O uso de variedades resistentes ou tolerante é considerado o
melhor controle para o mosaico dourado. Outra medida é o controle do inseto
vetor já que esse realiza a disseminação.
MOSAICO
COMUM - bean common
mosaic vírus.
O mosaico comum é um vírus
transmitido pela semente, e tem outas espécies de leguminosa como hospedeiras.
O vírus possui uma grande variabilidade e tem causado grandes problemas em
variedades não resistentes.
ETIOLOGIA: O mosaico comum do feijoeiro é causado pelo vírus bean
common mosaic vírus.
SINTOMAS: Pode ser expresso nas plantas de três maneiras:
mosaico, necrose sistêmica e lesões localizadas, podendo variar conforme a
estirpe do vírus, com o grau de resistência da cultura, das condições
ambientais e com a idade da planta. Quando a
planta é infectada de maneira sistêmica os sintomas de mosaico são visíveis,
bem como, redução no crescimento da planta. Quando doentes as plantas produzem
vagens enrugadas, pequenas e em menor número.
EPIDEMIOLOGIA: O vírus pode permanecer na semente por um tempo
de até 30 anos sendo essa a principal fonte de inoculo inicial da doença, na
lavoura o vírus tem sua disseminação entre plantas através de afídeos (pulgão),
de forma não circulatória.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
VIEIRA, Clibas.; PAULA JÚNIOR, Trazilbo José
de.; BORÉM, Aluízio. Editores. 2. Ed. Atual. – Viçosa : Ed. UFV,
2006. 600 p. ; 22 cm. ISBN: 978-85-7269-205-2.
KIMATI, Amorim, Rezende, Bergamin Filho e
Camargo. Manual de Fitopatologia – Volume 2. ISBN 8531800439. Ed. Agronômica
Ceres, 2005.
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