SOJA

VITRINE FITOPATOLÓGICA DA SOJA

Lucivaldo Rupolo Bertoncello e Marcio Reis Ozeika.


A cultura da Soja (Glycine max) foi implantada no dia 28/04/2016, com posterior apresentação no dia 14 de junho de 2016, pelos acadêmicos Lucivaldo Rupolo Bertoncello e Marcio Reis Ozeika.

A adubação utilizada na implantação da cultura foi um formulado NPK 10-30-20, (250 kg há-1), distribuído em linha, com espaçamento de 0,45m, sendo 17 plantas por metro linear.  O produto Standak Top (Estrobilurina + Benzimidazol + Fipronil), com concentração de 200 ml p.c/100 kg de sementes. Em adubação de cobertura foi utilizado KCl 0-0-60 completando 80 kg.ha-1.

Figura 1: Implantação da área experimental.
FONTE: OZEIKA, Marcio, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016. 

A cultivar utilizada foi a M8372IPRO, com grupo de maturação 8.3, com ciclo médio de 115 dias, de crescimento determinado, sendo resistente ao cancro da haste e moderadamente resistente a mancha olho-de-rã. Para os nematoides M. javanica, M. incógnita, Pratylenchus brachyurus esta cultivar é suscetível.

  O controle de plantas daninhas foi realizado com capinas manuais entre linhas. Aplicações de inseticidas tiveram foco sobre o controle de Diabrotica speciosa e Bemisia tabacia, através da utilização Engeo Pleno (Neonicotinóide + Piretróide), Pirate Pirazol).

  As parcelas de tratamento preventivo (terceira e quinta) foi realizado aplicação de Fox (estrobilurina + triazolinthione), recomendado para Ferrugem Asiática (Phakopsora pachyrhizie), Oidio, Crestamento Foliar, Mela, Mancha alvo, Septoriose e Antracnose, sendo recomendado a sua pulverização próximo ao estádio reprodutivo. A aplicação ocorreu no estádio V5 da cultura. 

Figura 2: Área experimental 13/06/2015.
Fonte: OZEIKA, Marcio, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016. 

Devido ao período de vazio sanitário, normatizado pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT), o experimento foi retirado do campo no período de início do vazio: 15 de junho, tal data foi regulamentada pela Instrução Normativa Conjunta Sedec/Indea-MT 002/2015.

Figura 3: Eliminação da cultura.
Fonte: OZEIKA, Marcio, IFMT- Campo Novo do Parecis, 2016. 

DOENÇAS DA CULTURA DA SOJA


FERRUGEM ASIÁTICA - Phakopsora pachyrhizi

             A ferrugem da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em maio de 2001, no estado do Paraná. Devido a fácil disseminação pelo vento, esta doença se disseminou praticamente para todas as regiões produtoras do Brasil, podendo causar até 75% de redução da produtividade.

        ETIOLOGIA: O agente casal é o fungo Phakopsora pachyrhizi, que forma uredósporos, que são de ovoide a elíptico de coloração incolor a castanho-amarelado pálido.

         SINTOMAS:A doença é caracterizada por minúsculas pontuações, causando pequenas elevações na fase inferior da folha, também podem ser encontrados na fase superior, mas com pouca frequência, denominado de pústulas, a estrutura reprodutiva do fungo, apresentando coloração castanha clara a castanha-escura. Podem surgir em qualquer estádio de desenvolvimento e em diferentes estruturas da planta, como cotilédones, folhas e hastes, podendo ser mais visíveis a partir da fase reprodutiva (R1) inicio da floração até (R8. 1).

Figura 4: Pústulas de Ferrugem.
FONTE: AGUIAR, Ronilda, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.
Figura 5: Pústulas de Ferrugem.
FONTE: AGUIAR, Ronilda, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.
        EPIDEMIOLOGIA: O fungo é biotrófico, necessita de hospedeiros alternativos para sua sobrevivencia, como kudzu (Pueraria lobata), beiço-de-boi (Desmodium purpureum), feijoeiro (Phaseolus vulgaris) e (Senna occidentalis).  A disseminação de maior importância é por correntes de ar e chuva, não sendo disseminados por sementes, sendo que temperaturas entre 20 a 28 ºC e alta humidade relativa favorece a infecção do patógeno.
CONTROLE: Recomenda-se utilizar fungicidas preventivos, sistêmicos do grupo dos estrobilurinas, triazois e carboxomidas. Também são adotados manejos como realização do vazio sanitário, cultivares precoces, eliminação de plantas hospedeiras, evitar semeadura em épocas favoráveis.

TOMBAMENTO - Rhizoctonia solani


  ETIOLOGIA: A doença é causada pelo fungo de solo Rhizoctonia solani, é favorecido com alta pluviosidade e temperatura elevada normalmente ocorre entre o estádio de emergência (VE) a terceiro nó (V3).

SINTOMAS: O tombamento inicialmente forma pequenas estrias de coloração castanha-avermelhado e com aspecto encharcado próximo ao colo da planta ao nível do solo, o tecido cortical fica mole e solta com facilidade, em níveis mais avançados, as raízes apresentam podridão seca, de coloração escura, e o lenho apresenta uma coloração castanha a castanha avermelhada. Geralmente ocorre o estrangulamento ao nível do solo, ocasionando a murcha e tombamento das plântulas, em casos de sobrevivência as plântulas emitem raízes adventícias logo acima do local afetado.

Figura 6: Tombamento, lesão no caule.
FONTE: BERTONCELLO, Lucivaldo IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: O fungo é disseminado por resto de culturas, solos contaminados, sementes infectadas e plantas hospedeiras. O desenvolvimento é favorecido por anos chuvosos e temperaturas amenas.

CONTROLE: A redução da ocorrência e severidade da doença é realizado através do tratamento de sementes e manejo cultural, tal como rotação de cultura, evitando batata, feijão, fumo, milho e a soja que serve de hospedeiro, descompactação do solo e incorporação dos restos culturais.


MANCHA OLHO-DE-RÃ - Cercospora sojina Hara

No Brasil foi à primeira doença epidêmica da cultura da soja. Atualmente já existem variedades de soja resistentes a esta doença, porém a não realização das práticas culturais adequadas como rotação de cultura, vem ocasionando um aumento da incidência da doença nos últimos anos.

  ETIOLOGIA: A doença é causada pelo fungo Cercospora sojina Hara, esporula na face abaxial da folha, produzindo conídios hialinos.

SINTOMAS: O fungo pode causar lesões na parte aérea e ocorrem em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas aparecem com maior frequência a partir do estádio R1 início da floração.  As lesões iniciais apresentam pequenas manchas encharcadas, com a evolução mudam de coloração para castanho claro no centro e nas bordas castanho avermelhado e na parte inferior da folha onde ocorre a esporulação apresenta coloração cinza. Nas vagens e hastes os surgimentos dos sintomas surgem entre R5 a R6, com manchas circulares castanhas escuras nas vagens e manchas elípticas ou alongadas, com centro cinza a castanho claro, com bordas castanhas avermelhadas, nas hastes. Nas sementes apresenta o tegumento com rachaduras e manchas de coloração parda a cinza. 
Figura 7: Mancha Olho de Rã, lesão no trifólio.
FONTE: BERTONCELLO, Lucivaldo IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: O fungo sobrevive em sementes contaminadas e restos de culturas. Esta doença ocorre com maior frequência nos estádios entre R1 a R3.

CONTROLE: Recomendasse tratamento de sementes com fungicidas de forma sistemática, utilizar variedades resistentes com diversas fontes de resistência, eliminação de restos culturais.

OÍDIO - Erysiphe diffusa

O oídio é uma doença que sempre esteve presente em algumas regiões, sendo mais comum e severa nas Regiões Sul e regiões alta de cerrados, seu aparecimento é mais comum em final de safra.

ETIOLOGIA:  A doença é causada pelo fungo Erysiphe difusa, sendo um parasita biotrófico. O fungo produz na superfície das folhas micélios que se nutre através de haustórios.

SINTOMAS: O fungo desenvolve em toda a parte aérea da planta onde são visualizadas estruturas brancas e pulverulentas. Seus sintomas podem variar de clorose, ilhas verdes, mancha ferrugíneas e cinza e desfolha acentuada dependendo da severidade da doença.

Figura 8: Oídio, lesão no trifólio.
FONTE: OZEIKA, Márcio, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016. 

EPIDEMIOLOGIA: O patógeno é facilmente disseminado pelo vento, sendo que temperatura ideal para o seu desenvolvimento ocorre entre 18 a 27ºC, temperaturas acima de 30ºC inibem o desenvolvimento da doença.


CONTROLE: Recomenda-se utilização de cultivares resistente, evitar rotação com leguminosas e controle químico com fungicida é recomendado até o estádio R6 quando a severidade atinja 20% da área foliar. Os fungicidas recomendados são à base de enxofre ou grupo de triazóis e benzimidazóis.

MELA DA SOJA - Thanatephorus cucumeris (Rhizoctonia solani AG1)

Os primeiros relatos no Brasil de ocorrência de mela foram no ano de 1985, mas foi no ano de 1992 que os prejuízos causados pelo fungo tornaram significativo. No estado de Mato Grosso os prejuízos podem chegar a 60%. O fungo pode causar infecção em toda a parte aérea da planta, sendo mais comum nas folhas do baixeiro devido à alta humidade nestas regiões.

ETIOLOGIA: O agente causal desta doença é o fungo Thanatephorus cucumeris (Rhizoctonia solani AG1), difícil eliminação da área cultivada, pois apresenta estrutura de resistência escleródios que pode sobreviver no solo por alguns anos viáveis, resto de cultura e hospedeiros alternativos, sendo que servem de hospedeiro para este fungo aproximadamente 20 espécies cultivadas e 18 de plantas daninhas verdadeira.


SINTOMAS: Os primeiros sintomas observados são as lesões com aspecto encharcado que pode tomar uma parte ou todo o limbo foliar, com coloração parda avermelhada e com o desenvolvimento das lesões a coloração tornam marrom ou preto, em condições mais estremas da doença pode ocorrer o crescimento micelial do patógeno sobre órgão da cultura.

Quando as folhas estão infectadas, as folhas se aderem umas às outras ou em qualquer parte da planta, esta aderência é ocasionado pelo crescimento do micélio do fungo, neste processo ocorre à disseminação para as demais partes sadias da planta. Quando ocorre a infecção de hastes, vagens e pecíolos os sintomas que podemos observar é a presença de manchas castanhas-avermelhadas.
Figura 9: Mela da soja, lesão na folha unifoliada.
FONTE: BERTONCELLO, Lucivaldo, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016. 


EPIDEMIOLOGIA: As condições climáticas que favorecem o desenvolvimento da doença, com temperaturas variando entre 25 a 30ºC e umidade relativa em torno de 80%, sendo que pode se desenvolver em qualquer estádio da cultura.

CONTROLE: Algumas medidas devem ser tomadas tais como, semeadura direta, fertilidade de solo, rotação de cultura, espaçamento indicado, tratamento de sementes, semente de boa sanidade e vigor, eliminação de hospedeiros alternativos. Porém até o momento para esta doença não à presença de cultivares resistente.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CÂMARA, G. M. S. Introdução ao Agronegócio soja. Piracicaba, 14, fev. 2014. Disponível em: <http://www.lpv.esalq.usp.br/lpv506/LPV%20506%20S01%20-%20Soja%20Apostila%20Agronegocio.pdf >. Acesso em: 01 jun.2016.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Soja em números (safra 2014/2015). <Disponível em: <https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acesso em: 06 jun.2016.
HENNING, A. A.; ALMEIDA, A. M. R.; GODOY, C. V. et. al. Manual de Identificação de Doença de Soja. 1. ed. Londrina, PR. Julho, 2005. Disponível em: <http://www.agrolink.com.br/downloads/doen%C3%A7as%20da%20soja.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2016.

KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de Fitopatologia. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. p. 569-588.


SARAN, P. E. Manual de Identificação das Doenças da Soja. FMC. Disponível em:<https://www.fmcagricola.com.br/portal/manuais/doencas_soja/files/assets/common/downloads/publication.pdf>.  Acesso em: 29 mai.2016. 



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