MILHETO

VITRINE FITOPATOLÓGICA DO MILHETO

Bruno Herklotz e Aline Turtera

Apresentação a campo - Cultura do Milheto.



INTRODUÇÃO

O milheto, Pennisetum glaucum surgiu entre 4 mil e 5 mil anos, ao Sul do Deserto do Saara, de onde foi difundido para a Índia, originando diferentes genótipos dos originais africanos. Atualmente, é uma das culturas mais cultivadas nos países da África. (EMBRAPA, 2015). Quando olhado economicamente, o milheto possui grande versatilidade, adaptando-se bem como cobertura em sistemas de plantio direto, pastejo em pecuária e, ainda que não uma realidade brasileira, demonstra potencial para o consumo humano.

No cerrado brasileiro, se adaptada satisfatoriamente nas condições de menor precipitação e de maiores temperaturas apresentadas em segunda safra, independente do objetivo de produção adotado.

É uma gramínea anual de verão, com ciclo médio de 130 dias, cespitosa, de crescimento ereto e apresenta excelente perfilhamento e rebrota, após corte ou pastejo. É capaz de superar 3 metros de altura, tendo potencial para atingir 1,5 metros 50 e 55 dias após a emergência.


O EXPERIMENTO


A cultura foi semeada no dia 21 de abril de 2016, com espaçamento de 0,45 m entre linhas, em 5 parcelas com área e 25 m², totalizando 125 m². Os sulcos foram abertos com a ajuda de sachos, com profundidade aproximada de 3 centímetros, onde as sementes foram semeadas em um total de 10 linhas, sendo distribuídos 0,1 kg de sementes por parcela, proporcional a 40 kg de sementes.ha-1 segundo a EMBAPA, resultando em aproximadamente 250.000 plantas.ha-1. As sementes foram tratadas com Standak Top (Fipronil + Piraclostrobina) na dosagem de 2 mL para 0,2 kg de sementes. A variedade utilizada foi a BRS 1501.

Figura 1: Cultura do milheto 4 dias após emergência
FONTE: HERKLOTZ, Bruno, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.
Com 20 dias após a emergência (DAE), foi realizada a adubação de cobertura a base de um formulado NPK de concentração 10-20-20 com dosagem de 0,75 kg por parcela.


Foi realizado apenas uma aplicação de inseticida na área visando o controle da vaquinha (Diabrotica speciosa), com 30 DAE, com o produto comercial Engeo Pleno na dose de 0,2 L.ha-1 para o experimento, diluídos em dois litros de calda.


Figura 2: Início do pendoamento.
FONTE: HERKLOTZ, Bruno, IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.


DOENÇAS DA CULTURA DO MILHETO

FERRUGEM - Puccinia substriata var. penicillariae


Inicialmente identificada em 1997 na região próxima ao Distrito Federal, passou a ser considerada uma das mais importantes doenças da cultura do milheto, podendo chegar a perdas superiores a 70%, afetando a qualidade da forragem e reduzindo a produção de grãos.

ETIOLOGIA:  A ferrugem do milheto é provocada pelo fungo Puccinia substriata var. penicillariae, ocorrendo em todas as regiões do Brasil.


SINTOMAS: Os sintomas da doença aparecem inicialmente em folhas do baixeiro, em forma de pequenas manchas de coloração avermelhada. Quando desenvolvidas, formam pústulas de até 3mm e de aspecto ferruginoso. 

Figura 3: Pústulas de Puccinia substriata no Milheto.
FONTE: HERKLOTZ, Bruno. IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: A ferrugem possui seu desenvolvimento favorecido por temperaturas na faixa de 17 a 20ºC e de elevada umidade relativa do ar com longos períodos de molhamento foliar. Entretanto, curtos períodos de favorecimento climático são suficientes para ocorrência de elevada severidade de ferrugem. Sua disseminação ocorre por vento quando a epiderme das pústulas se rompe, liberando uma massa de uredósporos de cor avermelhada para o ambiente.



CONTROLE: A utilização de cultivares resistentes, e semeadura em épocas de menor pluviosidade desfavorecem a doença, se tornando as principais formas de manejo para a ferrugem do milheto. Apesar de não existirem fungicidas registrados no MAPA para o controle da ferrugem do milheto, produtos à base de tebuconazole, estrobilurina e triazois utilizados para o controle de ferrugem do milho e sorgo possuem boa eficiência sobre a ferrugem do milheto, porém economicamente inviáveis.


MANCHA FOLIAR DE PYRICULARIA - Pyricularia grisea sacc.


ETIOLOGIA: O fungo P. grisea é um dos principais patógenos causadores de queima foliar na cultura do milheto no Brasil. A doença foi detectada em território nacional incialmente no ano de 1998 na região do Distrito Federal. Sob favorecimento climático a doença pode causar perdas superiores a 50% em cultivares suscetíveis.



SINTOMAS: A Mancha de Pyricularia se caracteriza pelo aparecimento de injúrias necróticas de cor marrom que aumentam de tamanho e adquirem a coloração marrom escura e, durante seu desenvolvimento o centro da mancha fica claro e suas bordas com a cor marrom escura, seu formato possui formato arredondado. Em torno das lesões costuma-se formar um halo amarelado.

Figura 4: Lesão ocasionada por Pyricularia grisea.
FONTE: HERKLOTZ, Bruno. IFMT - Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: Quando em pleno desenvolvimento, favorecido por temperaturas maiores que 25 ºC, umidade relativa alta, fatores que aliados a chuvas frequentes, as lesões aumentam de tamanho e em 8 número, ocupando grande parte da folha, panícula, pedúnculo ou colmo da cultura. Vale ressaltar que a doença é favorecida por elevadas populações.



CONTROLE: O manejo da Mancha de Pyricularia está principalmente relacionado a utilização de cultivares resistentes, rotação de culturas, incorporação de restos culturais, época de plantio em momentos de menor pluviosidade e controle de irrigação. A aplicação de fungicidas a base de tebucolazole e estrobilurina demostram eficiência no controle de brusone para o arroz, porém não há produtos registrados no MAPA para a cultura do milheto.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RIBEIRO, N. R.; SILVA, J. F. V.; MEIRELLES, W. F.; CRAVEIRO, A. G.; PARENTONI, S. N.; SANTOS, F. G. Avaliação da resistência de genótipos de milho, sorgo e milheto a Meloidogyne javanica e M. Incognita raça 3. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.1, n.3, p.102-103, 2002.



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