VITRINE FITOPATOLÓGICA DO GIRASSOL
Jeferson Bracht e Patrícia Ribeiro
Apresentação a campo: Cultura do Girassol |
A cultura do
girassol (Helianthus annuus) foi
implantada em 5 parcelas de 25 m², cada parcela com um tratamento específico
(figura 01). Os tratamentos utilizados foram: na primeira parcela sem
tratamento de sementes e nenhuma aplicação de fungicidas, a segunda parcela apenas
com o tratamento de sementes, na terceira parcela tratamento de sementes e o
fungicida curativo, na quarta parcela manteve-se o tratamento de sementes mas a
aplicação de fungicida foi preventivo e na quinta e última parcela não foi feito
tratamento de sementes, porém fez-se a aplicação de fungicida preventivo.
Figura 1- Cultura do Girassol.
FONTE: BRACHT, Jeferson. IFMT,
Campo Novo do Parecis. 2016. |
A semeadura foi feita no dia 20 de abril, sendo que no momento da semeadura foi
feita a aplicação de adubo formulado, 10-30-20 (figura 02) e o tratamento de
sementes, nas referidas parcelas, foi feito com o produto Standak Top (estrubirulinas
+ benzimidazol + pirazol).
Figura 2- Adubação do girassol.
FONTE: BRACHT, Jeferson. IFMT, Campo Novo do Parecis. 2016. |
A primeira aplicação de fungicida
(preventivo) foi feita no dia 14 de maio, 25 dias após a semeadura da cultura,
com o produto Ópera Ultra visando à prevenção da infecção do fungo Alternaria spp. A segunda aplicação de
fungicida (curativo) foi realizada no dia 18 de Junho, 60 dias após a
semeadura, com o produto Ópera Ultra no intuito de controlar a Mancha de Alternaria.
DOENÇAS DO GIRASSOL
MANCHA DE ALTERNARIA- Alternaria spp.
A mancha de alternaria é uma das principais
doenças do girassol, ocorrendo em praticamente todas as regiões de cultivo e em
todas as épocas de semeadura (Leite,1997). No Brasil a sua incidência de danos
à cultura do girassol é extremamente alta podendo levar a perdas de até 100% na
produção.
ETIOLOGIA: Doença causada pelo fungo Alternaria
spp, onde são descritas três espécies de fungos como patogênicas a cultura
do girassol: Alternaria
helianthi, Alternaria
zinniae e Alternaria
alternata, sendo a A.
helianthi a mais comum
encontrada na cultura.
SINTOMAS: Os sintomas iniciais são pequenas pontuações necróticas com halo
clorótico nas folhas, de formato arredondado a angular e coloração variável de
castanho de castanho e negra. As lesões podem coalescer tomando grandes áreas
das folhas que ficam quebradiças e causam facilmente a desfolha precoce da
planta. Os sintomas manifestam-se primeiramente nas folhas do baixeiro,
progredindo para toda a planta.
Figura 3 - Sintomas
de Mancha de Alternaria em folha de Girassol..
FONTE: RIBEIRO, Patrícia. IFMT, Campo Novo do Parecis. 2016. |
O fungo ataca também
capítulo e brácteas, nessas áreas as lesões começam com pequenos pontos ou
riscas, e quando se tornam numerosas formam grandes áreas necróticas, evoluindo
por toda a haste, o que pode comprometer sua estrutura e provocar sua quebra
(figura 04).
Figura 4 - Sintomas de Mancha de Alternaria nas brácteas do Girassol.
FONTE: RIBEIRO, Patrícia. IFMT, Campo Novo do Parecis. 2016. |
EPIDEMIOLOGIA: O fungo é transmitido por sementes e por restos culturais, sendo
esta a principal fonte inicial de inóculo. Sobre condições favoráveis são
produzidas grande quantidade de conídios (estrutura de reprodução
assexuada dos fungos) que a curtas distâncias são facilmente
disseminados por chuva e vento. Temperaturas entre 25°C e 30°C e alta umidade
relativa são ideais para a germinação dos conídios (Leite, 2002). A penetração
do tubo germinativo pode ser direta ou através de aberturas naturais e/ou
ferimentos.
Nos estádios mais adiantados do desenvolvimento
ocorrem as infecções mais severas, no entanto, as plantas de girassol
encontram-se suscetíveis durante todo seu ciclo.
CONTROLE: Por ser uma doença muito expressiva na cultura do girassol
devem-se integrar várias formas de manejo, como a escolha adequada da época de
semeadura, evitando períodos de chuva intensa, o uso de sementes de boa
qualidade, eliminação ou incorporação de restos culturais, rotação de cultura,
utilização de variedades tolerantes (MG 360, BRS G 43, BRS G 44), fazer
adubações equilibradas, especialmente de nitrogênio que pode tornar a cultura
mais susceptível a doença e o controle químico com fungicidas registrados para
a cultura.
MACROFOMINA – Macrophomina phaseolina
Macrophomina phaseolina é capaz de infectar centenas de espécies vegetais, tais como,
milho, sorgo, amendoim, algodão e girassol, entre outras espécies botânicas. A ocorrência desse patógeno foi relatada, pela primeira vez, no
Brasil infectando raízes de feijão (Almeida, 2014).
ETIOLOGIA: Doença causada pelo fungo Macrophomina
phaseolina que é pertence ao
filo Ascomycota, família Botryosphaeriaceae. O fungo tem micélio uninucleado e
produz picnídios marrom-escuros, solitários ou agregados, imersos, tornando-se
irrompentes com 100-200 µm de diâmetro, abrindo-se por ostíolo apical. O fungo
também produz, a partir do micélio, microescleródios, que são negros e lisos e
medem em torno de 100 µm de diâmetro. Este fungo está amplamente
distribuído nos trópicos e subtrópicos, particularmente nas regiões com altas
temperaturas e umidade relativa baixa.
SINTOMAS: O sintoma mais comum é a desagregação dos tecidos da base da haste
e das raízes, que apresentam coloração negra característica, em virtude da
abundante produção de microescleródios do fungo, facilmente visível pela
remoção da epiderme (Figura 05).
Figura 05 - Microescleródios
de Macrophomina phaseolina.
|
As hastes
severamente infectadas apresentam-se ocas e facilmente quebradiças, muito
suscetíveis ao acamamento. A medula destruída apresenta o aspecto de discos empilhados
(Figura 06).
Figura 06 - Sintomas de Macrophomina phaseolina na haste do Girassol.
FONTE: BRACHT, Jeferson. IFMT, Campo Novo do Parecis. 2016. |
O capítulo é menor
do que o de plantas sadias. Os sintomas só aparecem a partir da floração, mesmo
quando as plantas são infectadas nos estádios iniciais de desenvolvimento. As
plantas secam e morrem prematuramente (figura 07).
Figura 07 - Morte prematura do Girassol
causada por Macrophomina phaseolina.
|
EPIDEMIOLOGIA: O fungo sobrevive em restos de culturas, onde forma quantidades
consideráveis de microescleródios que permanecem no solo viáveis por três ou
quatro anos. Tanto os microescleródios como picnídios podem ocorrer na semente.
O microescleródio, provavelmente, é a principal fonte de inóculo para a
infecção, que também pode ocorrer pelos conídios, e é capaz de germinar em
contato com as raízes. A doença é mais severa em altas temperaturas (35°C a
39°C) e baixa umidade. O fungo pode ser transmitido por sementes contaminadas.
CONTROLE: Não existem informações sobre variedades resistentes a esta doença
no Brasil. O
tratamento químico das sementes pode retardar o desenvolvimento da doença, mas
não protege a planta durante todo o ciclo da cultura. A melhor estratégia para
controlar a doença é o plantio em locais livres do patógeno, além de um manejo
adequado da irrigação, eliminação dos restos culturais, e a rotação de culturas
com espécies não hospedeiras, principalmente gramíneas. Por se tratar de um patógeno
que sobrevive no solo, não se recomenda o controle químico das plantas
infectadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.M.R. [et al.] Macrophomina
phaseolina em soja. Londrina: Embrapa Soja, 2014. 55 p.: il. color.; 15cm x 20cm– (Documentos / Embrapa Soja, ISSN
2176-2937; n.346).
LEITE, R. M. V. B. C. Doenças
do girassol. Londrina EMBRAPA, CNPSo, 1997. 68p. (Circular Técnica, 19).
LEITE, R. M. V. B. C. Avaliação
de danos e efeito de variáveis ambientais na mancha de alternaria
(Alternaria helianthi) em girassol. Piracicaba
2002. 107p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário