ALGODÃO


VITRINE FITOPATOLOGICA DO ALGODÃO

Ghiovana Lima e Tuany Santos

Apresentação da cultura do algodoeiro.


O experimento foi implantado na área experimental do Instituto Federal do Mato Grosso Campus Campo Novo do Parecis, onde utilizou-se semente de algodãoda variedade FM 975WS que é uma variedade de ciclo tardio, realizando a semeadura no dia 21 de maio. O experimento foi dividido em 5 (cinco) parcelas, cada parcela medindo 25 m, onde em cada parcela a cultura foi submetida a diferentes tratamentos.

Na primeira parcela foi realizada a semeadura sem o tratamento de sementes (TS) e sem nenhum de tipo de aplicação de fungicidas. Nas parcelas 2, 3 e 4 as sementes foram submetidas ao tratamento de sementes, utilizando o produto Standak Top que é uma mistura pronta contendo o inseticida Fipronil do grupo pirazol, e os fungicidas Piraclostrobina do grupo das estrubirulinas e Metil Tiofanato do grupo dos benzimidazois. Preventivo, no entanto com o TS, assim a aplicação ocorreu no mesmo dia que feita a aplicação na terceira parcela e feito com o mesmo produto.


Durante o tempo que o projeto esteve instalado, houve o controle de plantas invasoras com a capina manual, e o controle de insetos-pragas com o uso de inseticidas, foram realizadas 4 aplicações visando o controle de vaquinha (Diabroticaspeciosa) usando o inseticida Engeo pleno registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob o nº 06105, este é um inseticida sistêmico de contato e ingestão, do grupo dos neonicotinóide e piretróide e 2 aplicações visando o controle de mosca branca com Tiger registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA sob nº 05498, do grupo químico Éter piridiloxipropílico.

Figura 1: Área com Cultivo do Algodão
FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.

Na área foram identificadas as doenças mancha de alternaria, ramulária, vermelhão, mancha angular, tombamento de plântulas, mela e folha carijó causada por nematoides. Estas serão descritas abaixo.


DOENÇAS DA CULTURA DO ALGODOEIRO


MANCHA DE ALTERNARIA - Alternaria sp


Uma das mais importantes doenças causadas por fungo no algodão, o fungo pode atacar desde plântula e as manchas podem ser vista nas folhas e frutos.

ETIOLOGIA: Causada por duas espécies de fungos: Alternaria sp. e Stemphylium solani, sendo o fungo Stemphylium solania mais comum, chamada também de pinta preta, ocorre mais em folhas velhas, no entanto pode ocorrer em frutos e folhas cotiledonares também, assim como as do gênero Alternaria.

SINTOMAS: Os sintomas são vistos principalmente nas folhas, podendo ser vista também nos frutos, quando as lesões são causadas por Alternaria sp. as folhas apresentam pequenas manchas de formato circular, com bordas enegrecidas e o centro marrom ou cinza, conforme as lesões vão evoluindo, pode haver o coalescimento formando áreas necróticas de formato irregular. Essas áreas dificilmente passam de 10 mm de diâmetro. As lesões quando velhas apresentam centro seco e quebradiço, fazendo com que o limbo foliar seja perfurado logo provoca a queda das folhas.
Figura 2: Sintomas de Pinta Preta
FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.


Nas maçãs novas ocorrem lesões circulares deprimidas e enegrecidas, que inicialmente provocarão o apodrecimento do lóculo e posteriormente a podridão total. Enquanto causado por Stemphylium solani, ocorrem manchas de formato irregular nas folhas, de cor negra a marrom-escura e que logo se tornam avermelhadas e de tamanhos variados. Lesões velhas apresentam o centro claro-esbranquiçado com rachadura.

Figura 3: Alternaria sp.
FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: O fungo é disseminado e transmitido por sementes infectadas, pelo vento, por maquinários e até mesmo pelo homem. O fundo sobrevive em restos de cultura. Temperaturas entre 25°C e 30°C, alta pluviosidade e umidade relativa acima de 80% são condições favoráveis para desenvolvimento e reprodução dos patógenos, epelascondições favoráveis dos dois agentes causais serem semelhantes, é comum aparecerem simultaneamente, com 45 DAE.


CONTROLE: O controle pode ser por controle químico com uso de fungicidas, também pode ser por controle cultural através de limpeza de maquinário e eliminação de resto de cultura. Também como a utilização de sementes sadias.

RAMULÁRIA - Ramularia aréola


Uma doença primaria na cultura do algodão, de comum ocorrência em regiões semi-aridas. Conhecida também como míldio, falso míldio, míldio areolado, oídio ou ramulariose no algodoeiro. A ocorrência está associada ao clima, podendo ser dependendo do ano uma doença problema ou não.

ETIOLOGIA: Tem como agente causal o fungo Ramularia aréola, as lesões são observadas nas folhas mais velhas. O patógeno sobrevive sobre lesões em restos de cultura como tigueras e soqueiras e os esporos produzidos nessas condições constitui o inóculo primário, principalmente em áreas de plantio de algodão sobre algodão.


SINTOMAS: Os sintomas iniciais da doença são lesões de formato angular, com coloração branco-azulada na face inferior das folhas mais velhas, devido à colonização pelo patógeno. As folhas infectadas, com a evolução dos sintomas iniciais, se tornam amareladas e distribuídas no terço inferior das plantas e caem aumentando o inóculo para novas infecções. Quando evoluída, apresentam na parte inferior das folhas lesões ou manchas angulosas, de características pulverulentas de cor branca e/ou amarela, apresentando aspecto bordas bem definidas. Após a infecção, manchas arroxeadas poderão ser notadas ao redor dos pontos de esporulação.

Figura 3: Sintomas de ramularia.

FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: A dispersão do patógeno ocorre por meio do vento, pela água, pelo trânsito de máquinas e pessoas. Conídios do fungo germinam em água livre, em temperaturas que variam de 12°C a 32°C e alta umidade do ar, acima de 80%, porém sobrevivem a 20%. Algumas infecções ocorrem após dois ciclos de noites úmidas com infecções máximas após quatro ciclos.


CONTROLE: O controle cultural é importante para se evitar a infecção do patógeno, como plantios menos adensados e conduzidos de forma a evitar sombreamento excessivo entre plantas. O controle químico também é uma tática no manejo dessa doença.


VERMELHÃO - Cotton anthocyanosis vírus


ETIOLOGIA: O vermelhão é uma doença causada por vírus, sendo seu agente causal o vírus Cotton anthocyanosis vírus, CAV. É transmitido pelo pulgão (Aphisgossypiii), do tipo persistente não propagativo.


SINTOMAS: São observados os sintomas em plantas jovens, quando estas apresentam 4 e 5 folhas verdadeiras, em casos mais acentuados a partir dos 60 DAE, estas apresentam folhas do terço inferior e médio avermelhadas ou arroxeadas em áreas limitadas pelas nervuras, mas em estádios avançados algumas folhas do terço superior podem se tornar avermelhadas, podem também apresentar sintomas de murcha.

Figura 4: Sintomas de vermelhão.

FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: O vírus não é transmitido por sementes ou por inoculação mecânica. No entanto, mantêm-se em plantas hospedeiras alternativas, soqueiras e tigueras. É transmitido pelo pulgão (Aphisgossypiii), do tipo persistente não propagativo.


CONTROLE: O controle é realizado com um bom controle do vetor, o pulgão, assim como o uso de variedades tolerantes, e eliminação de plantas hospedeiras como a Sida rhombifolia(guanxuma) e Pavoniasp (Pavonia-rosa).


MANCHA ANGULAR - Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.


ETIOLOGIA: É uma doença bacteriana, que tem como agente causal a Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.

SINTOMAS: Os sintomas desta doença são lesões delimitadas pelas nervuras secundarias e terciárias que formam ângulos, que podem ser observados na parte adaxial e abaxial das folhas de plantas infectadas. Inicialmente esses sintomas possuem aspecto encharcado característico de doenças causado por bactérias.

Figura 5: Sintoma de Mancha Angular.

FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.


CONTROLE: O manejo de controle dessa doença se dá com o uso de variedades resistentes, sementes sadias, tratamento de sementes e uso de fungicidas.


TOMBAMENTO


ETIOLOGIA: É uma doença fungica que tem vários agentes causais sendo eles Fusarium spp., Phytium sp., Alternaria sp., Colletotrichum gossypii, Rhizoctonia solani, Macrophomina phaseolina, Thielaviopsis basicola, Glomerella gossypii e Botriadiplodia theobromae.


SINTOMAS: Seus sintomas podem ser percebidos após 20 DAE onde já ocorreu a lignificação do caule. A primeira manifestação em plantas infectadas é a murcha das folhas cotiledonares, no colo ou nas raízes observa-se lesões com aspecto deprimido de coloração parda escura ou parda avermelhada dependendo do patógeno.


Figura 5: Sintoma de Mancha Angular.

FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.

CONTROLE: O controle é feito com o tratamento de sementes, a eliminação de resto de cultura e o tratamento com produtos químicos.


MELA - Thanatephorus cucumeri.

ETIOLOGIA:  É uma doença fungica causada por Thanatephorus cucumeri.

SINTOMAS: Primeiramente surgem lesões de aspecto oleoso, com a evolução das lesões oleosas podem tomar todo o limbo foliar e adquiri características de escaldadura ou podridão mole, as folhas infectadas disseminam o fungo quando se aderem as folhas sadias, principalmente nos terços inferior e médio das plantas.

CONTROLE: O controle é através de eliminação de restos culturais e tratamento com produtos químicos.



FOLHA CARIJÓ - Nematóides

ETIOLOGIA: Doença causada por nematóides, principalmente Meloidogyne incógnita.


SINTOMAS: Os sintomas é um mosqueado de amarelo nas folhas que com a evolução da doença fica avermelhado, fincando entre as nervuras secundarias. Esse mosqueado pode se espalhar por todo limbo foliar. Essas folhas tendem a ficar encurvadas para baixo.
Figura 6: Folha carijó.

FONTE: LIMA, Ghiovana.; SANTOS, Tuany., IFMT - Campus Campo Novo do Parecis, 2016.

CONTROLE: Os métodos empregados para o controle dos nematóides causadores da folha carijó são rotação de cultura, fazer a lavagem de maquinário para evitar a movimentação de solos de áreas contaminadas para áreas ainda sem a presença de nematóides. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALÊNCIO, Mariana. O agronegócio do algodão no Brasil e a importância do cultivo agroecológico no nordeste. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/77770254/Oagronegocio-do-algodao-no-Brasil-e-a-importancia-do-cultivo-agroecologico-nonordeste>. Acesso em 30 mai. 2016.

BELTRÃO, Napoleão Esberaro; AZEVEDO, Demóstenes Marcos Predosa. Manejo de doenças do algodoeiro. In: O agronegócio do algodão no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA, 2008. p. 983.

BASF. Bula Standak Top. Disponível em <http://www.agro.basf.com.br/ publish/content/APBrazil/solutions/fungicides/Bulas/Bula_STANDAKTOP.pdf >. Acessado em 21 jun. 2016.


SARAN, Paulo Edimar. Manual de identificação das doenças do algodoeiro. FMC, 2013.

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